Saúde Única: Instituições assinam colaboração multisetorial 07/11/2019 - 15:59
Foi realizado dia 09 deste mês, por meio da Comissão de Saúde Única do Paraná (CESU-PR), em Curitiba, o I Simpósio Internacional de Saúde Única. No encontro, os profissionais das agências da Organização das Nações Unidas (ONU) voltadas à saúde humana e animal, além de entidades públicas e particulares, compartilharam as experiências de grandes polos mundiais na criação e aplicação de políticas públicas para combater a resistência aos antimicrobianos.
“Nossa missão é trazer saúde aos animais, consequentemente garantindo a saúde da sociedade e preservando o meio ambiente. A cidade de Curitiba e o estado do Paraná se transformaram no foco da saúde única e fazem frente a essa missão tão importante”, destacou Francisco Cavalcanti de Almeida, presidente do CFMV, durante a abertura. Almeida garantiu os esforços do Sistema CFMV/CRMVs na busca de soluções para o problema.
Essa é a primeira vez que o evento internacional é realizado. Em nível regional, já são três edições. “Hoje podemos afirmar que estamos no caminho certo, pois foi aprovada na 16ª Conferência Nacional de Saúde a incorporação do conceito de saúde única nas diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso é sensacional”, comemorou Cláudia Pimpão, presidente da CESU-PR e organizadora dos eventos.
Para oficializar a cooperação multissetorial no combate à resistência antimicrobiana, as entidades presentes assinaram uma carta de intenções para a criação da Aliança Interinstitucional em Saúde Única no Paraná. Assinaram o termo o Conselho Federal de Medicina Veterinária; Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná; Agência de Defesa Agropecuária do Paraná; Secretaria de Estado da Saúde; Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e Turismo; e Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Uso de antibióticos na agropecuária
Ao ministrar a palestra magna do Simpósio, o professor Javier Burchard chamou a atenção de todos ao expor números impressionantes da aplicação de antibióticos no mundo. Segundo dados de pesquisas recentes apresentados, o uso de antibióticos em animais representa 70% do total utilizado nos Estados Unidos e no Reino Unido. A maior parte, destaca, na pecuária. De acordo com o professor, “os antibióticos são utilizados na alimentação para compensar medidas ruins de manejo sanitário, manejo nutricional e de controle de biosseguridade”.
No Brasil, não há pesquisas que demonstrem a utilização de antibióticos em animais. “Sem essa informação é impossível estabelecer políticas adequadas para encaminhar soluções técnicas ao problema”, disse. Para isso a Comissão de Saúde Única do CRMV-PR, a qual integra, tem trabalhado na realização de seminários e grupos de trabalho para descobrir qual é o cenário atual do Paraná e do Brasil e assim direcionar as ações.
Nações Unidas
Representantes de agências especializadas das Nações Unidas (ONU) estrearam os debates do Simpósio contando os esforços multissetoriais no combate à resistência aos antimicrobianos. A médica-veterinária brasileira Simone Raszl, do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa) OPS/OMS da Organização Panamericana da Saúde, mostrou como a aliança tripartite com a Organização Mundial de Sanidade Animal (OIE) e com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) vem trabalhando para alcançar os objetivos de saúde única, melhorar a segurança dos alimentos e como isso tem impactado o desenvolvimento econômico dos países e as questões de saúde pública em geral.
Como representante da OIE, Martín Minassian veio ao Simpósio com interesse nas ações que estão desenvolvendo no Brasil e para colaborar e trocar experiências sobre o combate à resistência antimicrobiana. Já Rafael Zavala da FAO destacou que “os veterinários no Brasil têm dois grandes desafios: produzir alimentos saudáveis e em sistemas sustentáveis”.
A médica veterinária brasileira Christina Pettan Brewer, que hoje é professora da Universidade de Washington e presidente da One Health Brazil Latin America, associação oficial da World Veterinary Association (WVA), falou sobre doenças infecciosas emergentes e negligenciadas, destacando a importância da prevenção delas, por meio da saúde única, não só no Brasil, mas para a saúde global. "Esse evento é um momento histórico, pois reúne especialistas em saúde única de vários estados brasileiros para firmar parcerias, colaborações, criar novos métodos, melhorar políticas públicas e a ampliar a interação interdisciplinar com outras profissões", finaliza.
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Fonte: CRMV-PR (adaptado por Adapar)
Fonte: CRMV_PR