Fim de vacinação contra aftosa elevaria em US$ 1 bi exportação 20/07/2017 - 16:40

A retirada da vacinação contra a febre aftosa do rebanho brasileiro poderia acrescentar US$ 1 bilhão por ano à receita das exportações de carne bovina, estima Associação Brasileira de Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

O cálculo leva em consideração o acesso a 5% de quatro dos principais mercados que restringem a compra da carne bovina in natura brasileira (Japão, Coréia do Sul, Indonésia e Taiwan), devido ao status sanitário do País, que é livre de febre aftosa com vacinação, explica o presidente da Abiec, Antonio Camardelli.

“O Brasil é o maior exportador de carne bovina do mundo, vende para mais de 150 países, mas não acessa importantes mercados. Hoje, o Brasil deixa de exportar para 40% do mercado mundial pelo fato de ainda vacinar o rebanho”, afirma Camardelli. Em 2016, os embarques somaram US$ 5,5 bilhões e 1,4 milhão de toneladas.

O mercado não-aftósico gira US$ 4 bilhões por ano, diz o vice-presidente de Relações Internacionais do Conselho Nacional de Pecuária de Corte (CNPC) e presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa (Giefa), Sebastião Costa Guedes.

O plano brasileiro para retirada da vacinação, apresentado pelo Ministério da Agricultura, é o melhor possível, argumenta Guedes. Santa Catarina, que é o único estado livre da doença sem vacinação, nos mostra que isso é possível, acrescenta. O Estado está desde 2001 sem vacinar.

O Ministério da Agricultura apresentou em São Paulo, no dia 5 de julho, um novo cronograma para o Programa Nacional da Febre Aftosa (PNEFA) que visa a obtenção do status de livre de aftosa sem vacinação para todo o País com reconhecimento da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). A meta é que todos os estados brasileiros suspendam a vacinação do rebanho, de forma escalonada, a partir do primeiro semestre de 2019 até junho de 2021, com reconhecimento do processo pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) de todo o território previsto para 2023.

PARANÁ - O presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Inácio Kroetz, afirma que o Estado planeja não realizar campanha de vacinação do rebanho a partir de 2019. O Estado tem em torno de 10 milhões de bovinos.
“Só não decidimos se a última etapa de vacinação a ser realizada será em maio ou novembro do ano anterior. Temos algumas atividades e estrutura, que precisa estar a melhor possível”, acrescenta ele.

Em 2015, o Estado anunciou a intenção, mas recuou por questões econômicas. Agora, estamos muito mais próximos que há dois anos. Ele cita o fortalecimento do quadro de servidores, com 838 funcionários, como uma das medidas a serem colocadas em prática para que o Paraná busque o reconhecimento brasileiro e internacional de livre da doença sem vacinação. Os setores, tanto de carne bovina quanto suína, consideram que é possível fazer essa retirada da vacinação antes do que o governo federal estima, para que possamos colher as vantagens competitivas desse avanço. “O serviço sanitário do Estado deve ser tão bom que essa decisão possa ser tomada a qualquer tempo”, explica Kroetz.

Não é a primeira vez que Estados brasileiros fazem esse movimento. O Rio Grande do Sul retirou a vacinação contra a febre aftosa em 1999, seguindo a Argentina e o Uruguai, e registrou focos da doença já no ano seguinte. É improvável que aconteça o mesmo desta vez, garante o diretor do Departamento de Saúde Animal do Ministério da Agricultura, Guilherme Marques. Temos confiança absoluta na condição sanitária do País.

O vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Saúde Animal (Sindan), Emílio Salani, afirma que, para a indústria o fim da vacinação não é problema. Cabe ao governo decidir se isso pode ser feito, disse, minimizando o impacto da medida. As farmacêuticas brasileiras vendem 350 mil doses da vacina por ano, com receita de R$ 400 milhões.

Autora: Marcela Caetan
Fonte DCI – SP / Agronegócios (20/07/2017)

GALERIA DE IMAGENS