Adapar apresenta ações do PNCEBT em debate sobre sanidade e desafios para cadeia leiteira no Paraná 25/02/2025 - 13:45

Evento abriu espaço para debater o futuro do setor, destacando investimentos, sanidade e iniciativas para fortalecer a cadeia produtiva. O chefe do Departamento de Saúde Animal (DESA) da Adapar detalhou o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT)


Estratégias e desafios para o fortalecimento da cadeia do leite no Paraná foram temas debatidos por lideranças do setor produtivo e da indústria em encontro promovido pelo Sistema FAEP nesta segunda-feira (24). Rafael Gonçalves Dias, chefe do departamento de Saúde Animal (DESA) da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), detalhou no encontro o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEBT). O evento “Perspectivas do Setor Lácteo 2025 a 2030” trouxe a apresentação dos principais projetos da entidade na área, além de palestras sobre sanidade na pecuária e iniciativas voltadas ao diagnóstico da cadeia produtiva.

Vigente no Brasil desde 2002, o programa é regulamentado de forma independente em cada Estado. No Paraná, todos os produtores e fornecedores de leite para laticínios são obrigados a realizar exames anuais de brucelose e tuberculose. 

“A produção de leite oscila bastante por causa das crises, o que afeta a questão sanitária no campo. No entanto, vemos a preocupação dos produtores em manter a sanidade dos rebanhos. Apesar dos avanços do programa ao longo dos anos, a prevalência dessas doenças ainda não reduziu significativamente. Quanto menor a prevalência, mais desafiador se torna o trabalho, porque começa o processo de erradicação”, ressaltou. “O programa é uma engrenagem que envolve produtores, Adapar, Ministério da Agricultura, médicos veterinários e indústrias”, complementou o chefe da Saúde Animal da Adapar.

O PNCEBT adota medidas compulsórias, como a vacinação de bezerras e o controle de trânsito, além de ações voluntárias, como a certificação de propriedades livres de brucelose e tuberculose. De acordo o departamento de Saúde Animal, anualmente o Paraná registra cerca de mil casos positivos de tuberculose em bovinos e aproximadamente 200 de brucelose. Enquanto os focos de tuberculose permanecem estáveis desde 2014, os de brucelose tiveram uma redução significativa desde 2020, impulsionada pela restrição na entrada de bovinos, uma medida estratégica para a obtenção do status de área livre de febre aftosa sem vacinação.

Entre os desafios para o avanço do programa, Dias apontou falhas na execução dos testes diagnósticos e a oscilação na oferta de insumos e vacinas. “Precisamos evoluir na abordagem dessas doenças para alcançar a erradicação. Uma das principais mudanças que queremos implementar é o teste ELISA, permitindo reduzir a frequência de exames a campo e realizar a testagem diretamente no tanque de leite”, concluiu Dias.

AÇÕES ESTADUAIS – O secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Natalino Avance de Souza, ressaltou que a força do Paraná no agronegócio vem da sua capacidade histórica de organização e cooperação. “Ou a gente se arranja, ou vamos perdendo competitividade”, alertou.

O presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette, ressaltou a importância da iniciativa como uma oportunidade de unir a força do setor leiteiro paranaense, alinhando estratégias e impulsionando ações para fortalecer toda a cadeia produtiva.

“Trabalhamos ativamente na articulação de políticas públicas, na defesa dos interesses do setor e no fortalecimento da cadeia, sempre buscando um ambiente favorável para o desenvolvimento da pecuária leiteira. No campo da sanidade, temos parcerias fortes com autoridades estaduais e federais para garantir a saúde dos rebanhos e a segurança dos nossos produtos lácteos. Juntos, vamos levar a pecuária leiteira do Paraná a novos patamares de qualidade, inovação e sustentabilidade”, afirmou. O Sistema FAEP possui várias iniciativas em prol da cadeia produtiva do leite.

O coordenador estadual de Bovinocultura de Leite do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Rafael Piovezan, apresentou o diagnóstico da cadeia produtiva do leite, elaborado a partir da demanda da Aliança Láctea. O levantamento foi conduzido por mais de 80 profissionais a campo, com entrevistas e questionários aplicados em 1.517 propriedades leiteiras. A base de dados será atualizada a cada dois anos, garantindo um acompanhamento contínuo do setor.

Foram também apresentados os programas do IDR-Paraná voltados ao apoio aos produtores de leite, como o projeto Ordenha Limpa, Controle Leiteiro e Manutenção de Pastagens. Alves ressaltou a parceria com a Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) no controle de brucelose e tuberculose em municípios com baixos índices de vacinação, por meio de campanhas, incentivo à certificação e ações de educação sanitária.

LIDERANÇAS DO SETOR - Outras lideranças também contribuíram à discussão acerca dos desafios para o desenvolvimento da cadeia leiteira paranaense. O presidente do Sindileite-PR, Éder Desconsi, destacou os investimentos em curso na indústria para ampliar o processamento de leite no Paraná, com foco nas regiões dos Campos Gerais, Oeste e Sudoeste. “Deixamos de lado apenas intenções e estamos concretizando grandes investimentos, agregando valor à produção com uma diversificação de produtos, além do soro e das proteínas”, disse. O ex-governador do Paraná, Orlando Pessuti, enfatizou a importância da união do setor para fortalecer a verticalização da produção leiteira. “Daqui para frente, temos que fazer mais e melhor. Para chegar a novos patamares, vamos ter que investir mais em assistência técnica, pesquisa e qualificação dos produtores. Dessa forma, vamos poder construir um caminho ainda mais virtuoso para a pecuária de leite no Estado do Paraná”, pontuou.

Por fim, Airton Spies, coordenador da Aliança Láctea, apresentou o Plano de Desenvolvimento da Competitividade Global do Leite Sul-Brasileiro (PDCGL). O documento configura um diagnóstico detalhado das fragilidades do setor, com diretrizes e ações estratégicas para fortalecer a cadeia produtiva nos próximos anos. O projeto foi desenvolvido de forma colaborativa por lideranças do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná.

 

 

Colaboração: Sistema Faep