Palestras técnicas do Inovameat orientam cadeia produtiva de proteína animal sobre biosseguridade, genética e efeito estufa 05/04/2024 - 11:14

Palestras técnicas sobre diversos temas relacionados à avicultura, suinocultura, bovinocultura e piscicultura marcaram o segundo dia do Inovameat Toledo, maior evento de proteína animal do Paraná, encerrado na quarta-feira (03), no Centro de Convenções e Eventos Ismael Vicente Sperafico, em Toledo, no Oeste do Estado.

Marcio Eidi, fiscal de defesa agropecuária da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) falou sobre biosseguridade na avicultura. É um assunto que está muito em alta, principalmente em decorrência dos casos de influenza aviária que têm afetado as aves silvestres – e não tem atingido as granjas comerciais. Essa é a grande preocupação do setor produtivo, pois uma vez que um aviário é atingido existe toda a questão do bloqueio de exportações.

“A biosseguridade são as medidas que o avicultor deve tomar para evitar o contato e prevenir a entrada de patógenos. E isso consiste no isolamento (cerca, processo de desinfecção, restrição de acesso de pessoas) e todo um conjunto de medidas que reduz o risco de entrada dessa doença. É preciso reforçar as medidas de biossegurança nos estabelecimentos avícolas e principalmente a importância da rápida notificação de qualquer animal suspeito junto à Adapar. Essa rápida ação reduz a possibilidade da doença se espalhar”, disse Marcio Eidi.

Altair Antônio Valloto, superintendente da Associação Paranaense de Criadores de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH), abordou o tema “Ferramentas genéticas para seleção de vacas leiteiras de alta produção, saúde e vida produtiva”. Ele levou para o Inovameat o que tem de novidade e inovação na seleção das bezerras mais produtivas.

“Hoje tem uma ferramenta de Inteligência Artificial, que faz a prova da bezerrinha. Tendo os dados do pai, da mãe e da bisavó, a Inteligência Artificial determina quais são as bezerras e os animais superiores para, por exemplo, produzir mais leite, mais gordura ou que tenha mais vida produtiva e seja mais saudável”, explicou.

EFEITO ESTUFA - “As emissões de carbono e os gases de efeito estufa na produção de suínos e aves” foi o tema da palestra de Paulo Armando de Oliveira, pesquisador Embrapa Suínos e Aves. Atualmente um dos maiores desafios para os produtores de suínos e aves é a determinação dos fatores de emissão dos GEE (Gases de Efeito Estufa – CO2, CH4, N2O) e Amônia (NH3), gerados nas edificações de produção. Essas informações são importantes para a construção do inventário Nacional da emissão Global de Carbono.

Ele explicou que as emissões de GEE e de NH3, na produção de suínos e aves, são influenciadas por vários fatores, como a ambiência e o modelo das edificações, os animais, o tipo de alimentação e os sistemas de gestão e manejo dos dejetos, no interior das edificações. “Um dos fatores mais importantes que influenciam as emissões é o tipo de ventilação, natural ou mecânica, usado nas granjas de suínos e aves, cujo fluxo de ar é comumente controlado pela temperatura e umidade relativa do ar”, disse.

O objetivo da apresentação no Inovameat foi mostrar os trabalhos que foram desenvolvidos pela Embrapa, na determinação dessas emissões de gases em diversos sistemas produtivos.

PISCIULTURA - Outro assunto abordado no segundo dia do evento foi “Edição genômica aplicada à piscicultura”, pela pesquisadora Fernanda O’Sullivan, da Embrapa Pesca e Aquicultura.

O desenvolvimento da técnica de edição genética CRISPR/Cas9 tem desencadeado uma revolução sem precedentes nas ciências agrárias, especialmente na engenharia genética. Essa abordagem permite a remoção de genes prejudiciais à produção e a inserção de genes associados à alta produtividade diretamente no genoma dos organismos.

“Os peixes, por suas características reprodutivas, são animais de fácil uso da edição genômica. Nesta palestra abordamos o estado da arte da aplicação da CRIPR/Cas9 como ferramenta genômica para aumento da produção aquícola no mundo”, destacou a pesquisadora, premiada duas vezes ano passado por sua participação no desenvolvimento do teste de sexagem molecular de pirarucu, serviço hoje oferecido aos produtores pela Embrapa.

EVENTO - O Inovameat Toledo teve realização do Sindicato Rural de Toledo, Associação Comercial e Empresarial de Toledo, com o apoio da Prefeitura Municipal. A edição de 2024 teve como tema a “Inovação na Produção de Proteína Animal”. O objetivo do evento teve como base abordar as principais inovações e tecnologias para a produção de proteína animal, visto que essa é uma área que dia após dia aumenta a sua relevância no cenário do agronegócio.


Secretário destaca importância da inovação na superação de crises agropecuárias

 

A boa produção agropecuária de 2023, as dificuldades enfrentadas durante este ano e as alternativas para superação foram lembradas durante a abertura do Inovameat, na noite desta última segunda-feira (01), em Toledo, no Oeste do Paraná. O evento, que tem apoio do Governo do Estado, é um dos mais importantes entre os direcionados à inovação na produção de proteína animal.

“O ano passado foi pródigo para a gente, com preços bastante razoáveis e uma produção cheia para quase tudo, e com um crescimento consistente na produção de proteínas animais”, disse o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. Tanto que o Estado apresentou crescimento de 5,8% no Produto Interno Bruto, calcado principalmente no setor agro, o dobro do brasileiro.

Em proteínas animais, sem contar o leite, foram produzidos 6,3 milhões de quilos de carne no Paraná, com liderança em frango e peixe e segundo lugar em suínos. “Isso é fruto de conhecimento, ciência e inovação”, afirmou Ortigara. “Nós aprendemos a manejar melhor a produção de grãos, de proteínas animais, de madeira e tantas outras diversidades que o nosso agro é capaz de produzir”.

No entanto, 2024 não começou como esperado. Depois de chuvas intensas entre outubro e novembro do ano passado, que prejudicaram plantios, o forte calor e chuvas mal distribuídas este ano projetam perdas agrícolas para a safra 2023/24. “Não está sendo fácil ser agricultor em 2024 por causa da combinação perversa de safra mais curta e alguns custos ainda altos”, salientou o secretário.

A isso ele somou questões estruturais que também dificultam o trabalho no campo. “Mas as dificuldades foram feitas para serem enfrentadas com altivez, consciência, com coragem, mas apenas coragem não basta, é momento de refletir, é momento de a gente tentar achar a saída de curto prazo, pois com certeza absoluta não se pode virar as costas para quem sustenta a economia, para quem tem quase 40% do PIB do Paraná, 24% do Brasil no ano passado”, afirmou.

Segundo ele, o Inovameat é uma das oportunidades que se apresentam para discutir soluções. “É o momento de calibrar o futuro, este é um evento de inovação, daquilo que pode chegar nos nossos processos de produção para fazer mais e melhor com menos, para gastar menos do ambiente, para gastar menos do bolso, para ser mais eficiente”, declarou.

Informações: Secretaria de Agricutura e Abastecimento e O Presente Rural