ADAPAR alerta para reforço no monitoramento da praga Foc R4T em banana 09/07/2021 - 15:40

A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) alerta agricultores, Engenheiros Agrônomos, responsáveis técnicos e demais envolvidos na cadeia produtiva da banana para que reforcem a atenção quanto à ocorrência de sintomas da praga Fusarium oxysporum f. sp. cubense Raça 4 Tropical (Foc R4T).

O Foc R4T é uma praga quarentenária ausente no Brasil e consta na lista de prioridades do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a prevenção e vigilância fitossanitária, por se apresentar como a maior ameaça para a bananicultura mundial. Devido ao seu alto risco de introdução no País, o MAPA publicou a IN nº 30/20, que instituiu o Plano Nacional de Prevenção e Vigilância do Foc R4T no Brasil.

Segundo Paulo Marques, coordenador do Programa de Vigilância e Prevenção de Pragas da Fruticultura da Adapar, o Foc R4T é um fungo de solo que possui alta capacidade de disseminação e alta agressividade para as plantas, podendo causar a morte da bananeira em pouco tempo após a infecção. Por isso, a introdução dessa praga pode trazer grandes prejuízos para os produtores de banana, com alto impacto socioeconômico para o Brasil.

            “As raças 1, 2 e 3 do fungo Fusarium oxysporum f. sp cubense já ocorrem no Brasil, sendo que a raça 1 ataca principalmente as variedades Gros Michel, Maçã e Prata,     causando a doença conhecida como Mal do Panamá ou Fusariose da Bananeira. A raça 2 ataca a banana Figo e a raça 3 somente as Helicônias, não representando risco para bananeiras. Já a raça 4, que é uma variação mais agressiva do fungo, tem atacado todas as variedades de Banana nos países onde ela ocorre, por isso, a preocupação em não deixar ela chegar no Brasil”, alerta Marques.  

Em 2019, houve o registro do Foc R4T na Colômbia e, recentemente, houve a confirmação de um foco no Perú conforme informou o SENASA, que é o órgão nacional de defesa agropecuária daquele país. Ainda segundo o SENASA, foi declarado estado de Emergência Fitossanitária devido à ocorrência. Apesar de identificado na província de Sullana, próximo à fronteira do Peru com o Equador e longe da fronteira com o Brasil, é necessário reforço nas ações de vigilância e prevenção para impedir seu ingresso no país.

Como não há ainda variedades resistentes ou manejo químico viável, a melhor medida de controle é a exclusão, evitando que o fungo seja introduzido no país. Neste sentido, a Adapar desenvolve, desde 2019, ações de vigilância para a prevenção da praga no Paraná e intensificou as fiscalizações em propriedades com produção de bananas, para Levantamento de Detecção do Foc R4T, em todas as regiões produtoras do estado.

Já o trabalho a ser desenvolvido pelo Plano Nacional envolve uma ampla campanha de conscientização dos produtores, destacando que a raça 1 já ocorre no Brasil, mas é bem menos destrutiva, sendo exigida muita atenção para que não se confunda com a raça 4, bem mais destrutiva, e que não ocorre no país. Além dos produtores, o público em geral também será conscientizado quanto à importância de, em eventuais visitas a países com ocorrência da raça 4, evitar a entrada de solo aderido a material vegetal, calçados e roupas, equipamentos ou qualquer outro objeto, uma vez que o solo pode ser uma via de entrada deste fungo.

Além disso, o MAPA já está realizando tratativas junto aos demais países integrantes do Comitê de Sanidade Vegetal (COSAVE), para viabilizar ações coordenadas em nível regional, e reforça a proibição do transporte de material vegetal (frutos, folhas, mudas de banana), solo e até mesmo material artesanal (bolsas, chapéus, entre outros), elaborados com folhas ou fibras de bananeira. 

A Adapar, através da Gerência de Sanidade Vegetal, alerta ainda aos bananicultores sobre a importância de que não sejam adquiridos materiais de propagação de banana de origem desconhecida, uma vez que essa tem sido uma importante via de disseminação da praga nos países onde ocorre atualmente. Além disto, deve-se evitar a introdução de mudas de bananeira sem as garantias fitossanitárias adequadas, porque mesmo mudas assintomáticas, podem estar contaminadas.

Em caso de identificação de sintomas característicos da doença, como a quebra do pecíolo,  colapso das folhas ou descoloração vascular nas plantas, os produtores, responsáveis técnicos, extensionistas ou pesquisadores devem comunicar imediatamente os Serviços de Sanidade Vegetal junto às Superintendências Federais de Agricultura  ou as Agências Estaduais de Defesa Agropecuária, nos seus respectivos estados. No Paraná, a comunicação pode ser realizada diretamente no Site da Adapar, através do formulário eletrônico de Notificação de Ocorrência Fitossanitária em cultivo de interesse econômico. http://www.adapar.pr.gov.br/Formulario-de-Notificacao-de-Ocorrencia-Fitossanitaria-em-Cultivo-de-Interesse-Economico

PRODUÇÃO DE BANANA NO PARANÁ

Segundo dados da Seab/Deral (2020), a produção de banana no Paraná em 2019 foi de 194.745 toneladas, numa área de 8.498 ha, com um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 164.914.216,20, o que correspondeu a 10,14% do VBP da fruticultura do Paraná, que foi de R$ 1.626.621.428,70.

No Sistema Estadual de Certificação Fitossanitária (Adapar/SDSV) temos 254 Unidades de Produção (UP) de banana sendo acompanhadas por Eng. Agrônomos Responsáveis Técnicos, com uma área certificada de 3.737,28 ha (44 % da área com banana no estado), cuja produção está apta para ser comercializada para qualquer estado da Federação e também para a exportação. Portanto, o restante da área, cerca de 4.760 ha, é de produção fora do sistema de certificação, desenvolvida por pequenos produtores, menos tecnificados, e com produção para o comércio local ou para subsistência, e para esses produtores qualquer praga nova introduzida poderá gerar forte impacto econômico, podendo resultar até mesmo, no abandono da atividade, afirma Paulo Marques.