Adapar alerta sobre cuidados do agricultor em relação às colônias de abelhas 31/03/2021 - 15:00

As abelhas são os insetos mais importantes para a agricultura, em razão do trabalho de polinização. No entanto, aplicações incorretas de agrotóxicos, principalmente inseticidas, tem contribuído para a morte de abelhas e consequente desaparecimento de colônias. Essa é uma das preocupações da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar).

Nas últimas décadas, há registro do desaparecimento crescente de colônias de abelhas no mundo, assim como de outros insetos. É o que apontou o primeiro estudo sobre o assunto, feito há dois anos e publicado na revista Biological Conservation. Pelo estudo, a população total de insetos diminui 2,5% ao ano, podendo desaparecer em um século. Entre os principais polinizadores, a abelha-europeia (Apis mellifera) é a espécie mais ativa, pois se adapta facilmente a diferentes ecossistemas, formas de manejo e é generalista na busca de recursos.

Há estudos que indicam o uso de inseticidas neonicotinóides como uma das prováveis causas da Desordem do Colapso das Colônias (CCD), fenômeno pelo qual as abelhas não retornam para os enxames. Outras investigações destacam que herbicidas e fungicidas também podem contribuir para o desaparecimento das abelhas, ao provocar desordem no comportamento regular e a morte.

CASOS - Em setembro do ano passado, uma denúncia de morte de abelhas de 40 colônias em Turvo, na região Central do Estado, chegou à Adapar. Os fiscais coletaram amostras para investigação das causas e o laudo técnico emitido pelo Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) apontou a presença do agrotóxico fipronil em abelhas mortas, abelhas vivas, favos e em plantas de nabo forrageiro, utilizado como cobertura de inverno, em uma área próxima aos apiários.

Em janeiro de 2019, uma investigação da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), revelou que o mesmo agrotóxico foi responsável pela morte de aproximadamente 50 milhões de abelhas.

APLICAÇÃO CORRETA - A aplicação de agrotóxicos precisa obedecer às normas legais e técnicas, para que o produto aplicado atinja o alvo correto, atue de forma efetiva na lavoura e seja evitada a ocorrência de deriva, que é o nome dado para o fenômeno que ocorre quando o agrotóxico aplicado atinge locais indesejados, como lavouras vizinhas, parreiras de uva e colônias de abelha. Episódios de deriva vem provocando perdas na produção, prejuízos financeiros, contaminação ambiental e até mesmo danos à saúde das pessoas.

É necessário utilizar a dose correta do produto receitado por profissional legalmente habilitado e aplicar com equipamentos adequados aos objetivos, a fim de atingir o alvo, seja praga ou doença. É imprescindível que as condições climáticas estejam ideais no momento da aplicação, de acordo com o exigido pela bula do produto ou seja, temperatura menor que 30 °C, umidade do ar maior que 50% e velocidade do vento entre 3 e 7 quilômetros por hora.

Esta recomendação vale, em especial, para alguns ingredientes ativos extremamente perigosos para insetos polinizadores, como os inseticidas neonicotinoides (ex. acetamiprido, imidacloprido, clotianidina, tiametoxam, entre outros), sulfoxaminas (sulfoxaflor), fenilpirazois (ex. fipronil), e outros suspeitos de causar mortandade, como lambda-cialotrina, bifentrina. 

CADASTRO – A Gerência de Saúde Animal (GSA) da Adapar realiza o cadastro de apicultores e meliponicultores. Para tal, é necessário comparecer à unidade da Adapar mais próxima à residência, com documentos pessoais (RG, CPF e comprovante de residência) e documentos da propriedade (Incra, CADPro e/ou número da unidade consumidora da Copel se estiver em área urbana). No caso de meliponicultor, cada espécie de abelha será cadastrada como um meliponário distinto, conforme a lista de espécies.

“É importante que o apicultor mantenha seu cadastro atualizado, e, em caso de mortalidade de abelhas, que informe o mais rápido possível a Unidade Adapar para possibilitar a investigação das causas”, orientou o coordenador do programa na GSA, Ricardo Gonçalves Velho Vieira.